segunda-feira, 8 de maio de 2017

Violência, pobreza, fome e música

Descrição para cegos: nome “cabidela” escrito com sangue

Por Lucas Santos

         No dia 18 de dezembro de 2014 a banda Seu Pereira e o Coletivo 401 publicaram um videoclipe de uma música, intitulada Cabidela. Neste vídeo, dirigido por Alex Camilo, eles criticam a violência e a mídia. Juntando a música e o clipe, é construído o clima da história, que mostra o assassinato do Seu Pereira, morto em um bar, enquanto conversava com os seus amigos – mas o clipe vai muito além disso.
Enquanto a música prossegue a câmera se move com o assassino na sua moto atravessando uma comunidade, por becos e ruelas, onde a violência geralmente ocorre, mostrando a realidade. A música sempre fala da violência mas não a vê como o problema principal e sim uma consequência dos verdadeiros problemas, que são a fome e a pobreza.



A letra enfatiza todo esse contexto e clima, mas ela se torna um adjacente dentro do vídeo, pois, ao acompanhar o criminoso percebe-se que a crítica vai além, revelando que o assassino na verdade é Lindovaldo Filho (interpretado pelo ator Thardelly Lima), apresentador de um programa policial sensacionalista, do gênero que reforça a ignorância popular, com clichês como “leva ele (o bandido) pra casa” e incitando o ódio.
Os cidadãos assistem a tudo isso enquanto comem galinha à cabidela (molho feito com o sangue da galinha tirado dela ainda viva), uma metáfora sobre a exposição da violência pela mídia. A junção entre a história e a música mostram o quão complexo e harmônico podem ser uma crítica à sociedade.

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